sexta-feira, março 11, 2005
quarta-feira, março 09, 2005
sábado, março 05, 2005
quarta-feira, março 02, 2005
sábado que passou
hoje caiu neve, pouca, é certo, mas caiu. hoje comprei o jornal como sempre compro ao sábado. hoje, curiosamente, não me apeteceu passear com a minha câmara fotográfica, como habitualmente ao sábado. não registei nenhuma imagem em silício, para além das que ficaram nos sais de prata da minha memória. as imagens onde fixo o meu olhar são as que sempre me ocorrem quando choro. hoje está frio. hoje não pensei porque o pensamento não é a razão, a razão é o sentimento. hoje nevou, mas não caiu neve. comprei o jornal e não o paguei, porque não gosto de pagar os jornais, como não gosto de os ler ao sábado. a minha câmara fotográfica não me compreende, mas tem razão porque não pensa. a minha memória sente-me e gosta de mim e eu dela. não gosto da minha memória porque me atraiçoa. para além da minha memória só o vendedor de jornais me conhece e me sente. é um bom homem o vendedor de jornais, porque sabe ver a neve onde mais ninguém a vê. hoje está frio e a as pessoas suam de tanto calor. sinto quente na minha câmara fotográfica porque nevou. hoje nevou e estou cansado, por isso não fotografei como habitualmente ao sábado.
terça-feira, março 01, 2005
Epígrafes
Na minha boca, mina de palavras e beijos, confundem-se pensamentos e desejos, reduzidos à expressão única da comunicação.
(Le Point Cardinal, Leiris)
(Le Point Cardinal, Leiris)
mar de meu tempo
No barco, as marcas do tempo trazem de volta as memórias do mestre com quem aprendi a pescar. A saudade aperta, mas não há sequer tempo para viagens nas memórias. Lá, ao longe no mar, a dor crava-se na proa e arrasta-se, devagar. No mar só há um tempo. Esse tempo é um pássaro que voa livre e despreocupado e que permanece imperturbável, sem nos atribuir importância, pois para ele nós somos completamente indiferentes. O seu caminho continua o mesmo, numa viagem que não tem fim. Se nós nos esquecemos dele, ele continua a sua viagem e nós ficamos, por vezes sós, por vezes velhos, por vezes prisioneiros. O tempo dizima-nos, assim como o mar. Da faina sobra um vago cheiro conhecido, o do suor. Corpo que sofre perigos vários e nunca se pode negar. Resta-me o regresso apressado, pois curtas horas me sobram. Nesse instante apercebi-me que o tempo já não contava, que a minha felicidade interior era mais forte que a sua caminhada imparável. Por mais que o tempo corresse não conseguia transportar-me com ele. Eis-me chegado a terra...por fim, posso descansar.
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